segunda-feira, 30 de julho de 2007

Doutrinando A Raiva

Estou aqui pra escrever um pouco sobre motivação e vencer os desafios. Fungindo daquelas frases feitas de “acredite em si mesmo” ou “O Senhor vai te ajudar”. O caso que venho lhes explicar é muito mais simples e prático, posto que o desafio não é a competitividade frente aos outros, ou a superação através do exercício, apenas um caso de alguém que não acreditava em si mesmo.

Desde novo tenho uma grande fobia, piscina. Não água, piscina! Não sei se quando se iniciou, mas sei que desde muito novo, antes mesmo dos 6 anos. Bem, então tinha eu um problema, a piscina. Eu ia pra praia na maior moleza, ficava tomando “caixote” nas ondas, mas quando a água era clara e o ambiente azul-ciano, me tremia as bases. Claro que o motivo desse medo era puramente psicológico, posto que numa piscina é mais difícil de se afogar que no mar. Mas eu não conseguia superar o medo, o temor, o coração batia acelerado, os olhos quase choravam, o ar faltava e aí eu tinha que tirar o rosto da água, sendo que eu estava na borda.

A parte da motivação está aqui. Eu sabia que isso iria criar problemas para minha pessoa, sendo catastrófico como sempre, me imaginava com 40 anos de idade e meu filho sentindo vergonha de mim porque eu tinha medo de piscina; As atrofias de meus músculos que iria desenvolver por não desenvolver (irônico não?) meus músculos com atividades físicas. Daí percebi que eu deveria vencer esse medo. Mas como? Nada dessas frases feitas me acalmava a alma. Tudo parecia ser uma mentira criada por alguém que queria vender livros, mais tarde percebi que estava certo em alguns pontos. Então eu me lembrei de que quando você está perto da morte, você consegue feitos incríveis de superação. Claro que não iria arriscar a minha vida assim, mas deveria utilizar esse conhecimento de alguma maneira. Vi que era a sensação de morte, ou melhor, susto que dava forças, ou seja, não pensar muito e ir adiante. Essa foi a minha chave, a minha meta.

Não estava tentando superar um recorde, era apenas um medo interno. Então eu precisava de uma desculpa, uma mentira para enganar a mim mesmo, usando de trampolim para ir até a água. Parece idiotice, mas quando você deseja fazer algo, o medo sempre termina criando desculpas e respostas pra você deixar isso pra mais tarde. Então eu precisava falsificar um motivo para conseguir vencer meu medo. Nada melhor do que amor, o amor resolve tudo. Criei uma visão, logicamente, desastrosa e amendrontadora sobre meu futuro com medo d’água e de tudo o que eu deixaria de ganhar e perder não vencendo esse medo, daí eu me imaginava nesse futuro, relembrando o passado e pensando o que eu faria diferente no meu passado, ou seja, agora! E aí eu me via na condição de consertar a minha falha do passado, pois eu estava no presente. Olhei para a água e saltei!!

Claro que bebi água, lógico que quase me arrependi, mas aí eu tinha conseguido, eu já estava na água, agora era agüentar. Daí eu consegui melhorar, mas o medo voltava na medida em que eu demorava muito tempo pra voltar a nadar. Fiz natação por cerca de 6 meses, ainda com um pouco de medo a cada dia. Todo dia eu demorava uns 10 ou 15 minutos pra me acostumar com a água, pra começar a nadar, mas nadava. Depois disso voltou outras vezes, mas eu fazia a mesma técnica. Olhava pro futuro, imagina um desastre, e deixava a raiva crescer dentro de mim, o ódio dominara minha mente e daí eu enfrentava. Recentemente tive de usar essa técnica para aprender a descer até o fundo de piscinas de 5 metros. Fiquei 2 semanas tentando, até que usei de novo a técnica do “QUE SE FODA!!!” Claro que neste caso eu tinha de manter uma certa concentração por questões de segurança, descer um pouco, fazer a descompressão auditiva, treinar a apinéia... Mas o medo de tentar era o que me segurava e é assim que eu o superei, este e muitos outros. Nisso me lembro do filme, “A Odisséia” em que Ulisses fala para seu filho que ele deve ter raiva sim, mas na hora certa. A raiva pode agir nas pessoas, mas no caso, consegui achar um uso positivo para ela.

Boa Sorte!

2 comentários:

Diego Koala disse...

Estava lendo sobre o funcionamento do cérebro e li algo interessante: “O inconsciente não é analítico”. Esse seu método de falsificar um motivo para superar seu medo fez uso exatamente disso. O inconsciente não quer saber se é falso. Se você disser pra ele fazer, ele vai fazer.
Uso muito essa técnica do “que se foda”, mas às vezes até mesmo essa técnica falha, pois sinto medo de usar essa técnica heheheh E do medo, a raiva, o ódio!”

Marcello disse...

Andei lendo umas coisas interessantes que creio q tem a ver. E gostei também do que o Koala ressaltou.
A raiva é um tipo de sentimento que brota do inconsciente, assim como o bloqueio e o medo que você tem da piscina. E de onde elas vêm, o inconsciente, é um lugar onde ficam todas as coisas que rejeitamos do nosso consciente. Seja porque nos ensinado que é "errado" ou "feio", um trauma ou por adequação a sociedade.
Eles crescem e tomam forma longe da luz da nossa consciência. Elas agem independente da sua vontade. Podem permanecer lá quietas, mas pode haver algo que as tragam a tona com total força. No caso, a imagem da piscina, as cores, a forma, eram suficientes pra te trazer o medo ao consciente. E a raiva, que provém da mesma fonte, mas de um elemento distinto (e oposto, por assim dizer) serviu para neutralizar esse medo. Você usou um artifício para traze-lo a tona, criando um cenário imaginário em sua mente (antigos rituais de ordens esotéricas eram usados dessa mesma forma) para trazer essa força a tona, que é raiva e usa-la a seu propósito, sob sua vontade desta vez, e neutralizar algo fora do seu controle. Um esotérico diria que você praticou magia ao fazer isso hehehe...
A imaginação e os sentimentos são coisas estritamente ligadas e "domáveis" por assim dizer.