O “do contra”. Esse rato no navio, esse perturbador da ordem pública, maldito gene recessivo responsável pelo incômodo e modificação! Coceira crônica dos conservadores, incomoda mais do que espinha no nariz em festa de 15 anos, malditos sejam os “do contra”, que sempre vem a dizer que não concordam com o jeito que estão as coisas, que não gostam de determinada teoria ou que desconfiam daquele político!
Deve-se felicitações aos “do contra”. São estes cães raivosos que mostram outra perspectiva a observar, que interpretam os textos captando conjecturas diferentes da generalizada. São estes os divisores de água.
Primeiro, para ser do contra é necessário coragem, fazer parte de um grupo é uma característica humana ao passo que ser do contra é partir contra essa carga natural, seguindo a iluminação pessoal, enfrentando a chance de ser expurgado da matilha, chave da sobrevivência. Atualmente é muito mais fácil ser do contra, toda a tecnologia permite que você “sobreviva” (não escrevi “viva”) sem a necessidade de grupos sociais, desde que pague por isso. Em tempos antigos era bem mais difícil.
Todo movimento, intelectual, social ou mesmo algumas inovações tecnológicas (pesquisas com células tronco) possui seus seguidores, suas correntes que fluem junto com o movimento e até mesmo após, movimentadas pela inércias de suas modificações, mas possui também o poder de atiçar outros pensadores, que criam movimentos contrários. Parece até algo com a lógica natural que tudo tem seu oposto, hehehe.
Comento o exemplo histórico sobre Pablo Picasso, tido como fundador do Cubismo, influenciou outro artista contemporâneo, Jackson Pollock a partir para o Expressionismo Abstrato. Ao que ouvi falar, Pollock não gostava da arte de Picasso, uma mistura de inveja e gosto pessoal. A arte de ser do contra incrementa a sociedade e permite a visualização do mesmo por outras frestas, apenas outras. Tenho de comentar os “do contra” que são assim por esporte ou por pagamento, esses sim são chatos de galochas, pois são contra até eles mesmo, desde que alguém banque. Mas os que mexem no queijo dos outros, dão voz a muitos que pensam e não conseguem se libertar das amarras da boiada e por isso vivem infelizes em sua vontade subjugada pelo próprio medo de serem excluídos. São estes os pensadores que podem, através da solidão e ocultabilidade criada pelas grandes metrópoles se unirem e repensarem o que ocorre com o mundo seus participantes. Estes marginais, quase nunca apreciados, nunca entendidos, que são sempre desejosos de mudanças, mostram o lado careta e louco de coisas loucas e caretas. Formam a sopa social que faz encontrar o outro lado da moeda na mesma moeda tantas vezes lançada aos céus.
Aos “dO contrA”, MUITO OBRIGADO.