sábado, 22 de setembro de 2007

A chama da vela está acesa ou é o pavio que está apagado?

Às vezes me pergunto pra que serve a ciência. Pra que desenvolver a tecnologia?
Fico pensando se os nossos antepassados viviam mais felizes que nós. Concordo que a tecnologia nos trouxe várias facilidades. Mas as dificuldades vieram a bordo desse mesmo barco. Quem não concorda com isso?

A minha questão se baseia no saldo desses dois pólos: facilidade/dificuldade. Algumas filosofias antigas (modernas) dizem que no universo tudo é dual; tudo tem seu gêmeo oposto, do outro lado da linha. O que nos cabe é perceber a que ponto do centro da linha vemos cada conceito. Concordo com isso; é a balança da vida.

Eu sou a favor da pesquisa, experiência, estudo dos fatos que nos cercam. Mas daí a deixar todo o resto para se focar somente nesse aspecto da existência parece algo incompleto.
Será que há um Deus? Algum ser superior criador de tudo o que vemos? Não entrarei no mérito dessa questão; não tenho muita paciência para discutir esse assunto e, com certeza, não tenho conhecimento espiritual/filosófico/experimental para formular uma resposta inteligente. Do mesmo modo que ocorre com a ciência física, acontece com a ciência “espiritual”. Um Deus nos traz facilidades e dificuldades. De novo, pomos esses conceitos na linha e verificamos sua distância ao centro.





Dito isso, o que eu me pergunto, finalmente, é: Até que ponto devemos pensar nesses assuntos? Quanto de entendimento do Universo e quanto de entendimento sobre um “Deus” devemos ter?
Pra mim tudo seria mais fácil se parássemos agora. Pra que saber se a matéria é indivisível? Pra que saber se existe vida após a morte?

Eu já estou feliz com o que eu posso fazer. Posso fazer o que eu quiser. Claro, há limitações. Mas já não é o suficiente o que eu posso fazer com a tecnologia e com a espiritualidade que eu tenho?
Aqui vale a pena pôr mais um conceito de filosofias modernas (antigas). Todas as coisas estão interligadas; tudo causa um efeito. No espiritual, é o karma. Na física, a ação e reação. Faça o que quiser agora. Espere acontecer com você amanhã.

Sou a favor de vivermos a vida de maneira mais simples. Funcionava antes de nós, de outro modo não estaríamos aqui.
No fim das contas, uma pergunta tem resposta: “Ninguém se importa”.

“Não me siga, posso estar perdido”. Frase de caminhoneiro...

domingo, 16 de setembro de 2007

Minhas impressões sobre o Livro "A máquina do Tempo" – de H.G. Wells

Neste livro ele conta a história do explorador do tempo, sem um nome definido que constrói uma máquina do tempo e viaja para o futuro e depois retorna ao tempo atual e conta sua história a seus amigos.

O futuro atingido involuntariamente pelo explorador é o ano de 802.701.

O explorador acredita que encontraria seres de ciência, arte e quaisquer outras áreas de conhecimentos evoluidíssimas, mas sofre uma profunda irritação ao tentar entender o futuro. A todo o momento o explorador tenta entender a lógica sócio-econômica do novo mundo, fica criando teorias diversas a todo o momento no livro, a cada novidade ele se encontra errado na idéia anterior e formula uma nova visão sobre a atual realidade. Com o tempo cria explicações para o que ele percebe com base nas suas deduções de seu tempo.

Ele encontra logo na superfície seres de constituição física frágil, bastante graciosos com a pele rosada, inteligência infantil e que apenas brincam o dia inteiro como crianças de coração puro. Os chama de Elóis. Saltam de um lado pro outro e ficam dando flores uns pros outros. O explorador percebe sua pouca inteligência e infantilidade ao tentar conversar e perceber que sua linguagem é bastante simples e direta, representando sua pouca complexidade de difusão de idéias; Sua fala bastante suave como uma criança que não possui rancor na vida.

Logo o explorador percebe que com a evolução dos conhecimentos, limpou-se o mundo dos insetos nocivos, das plantas venenosas e de quaisquer outros tipos de animais que não fossem pequenas aves. Não encontrou enfermos ou idosos e teorizou de que a ciência fez com que a natureza se adaptasse ao ser humano, ao passo que as conquistas sociais venceram o perigo do homem pelo homem. Nesse ponto o escritor analisa o bem e o mal na natureza, como o mal podendo ser limpo da mesma; Analisa as brigas sociais como uma necessidade de ajuste das diferenças sociais e a violência decorrente desta, e não algo da sociedade, mas sim do egoísmo e particularização no social. Encontra os Elóis em grandes edifícios, vivendo em conjuntos, sem a noção da instituição de família ou propriedade particular, pois não existia violência entre os humanos. O social era vencedor sobre o particular, no qual cada um deve se defender como pode do bicho homem, por isso os grupos são menores, para que se possa controlar cada um mais diretamente.

Fora do contexto social, tenho de comentar uma parte no livro em que o explorador após perder a máquina passa uma noite a praguejar contra Deus e o mundo, quase agredindo os Elóis por sua pouca inteligência e depois de chorar e dormir acorda melhor, pensando mais facilmente.

Isso é uma forma de se pensar num grande problema que temos na vida. Após uma noite de sono os problemas ficam mais fáceis de serem resolvidos.

Mas voltando ao livro, o explorador descobre a existência dos Morloques, seres modificados fisicamente para se adaptar a vida subterrânea. Possuem cor branca, pele como a de vermes e grandes olhos para captar luz na mais completa escuridão, na mesma lógica de evolução de animais que vivem em completa escuridão. Ele cria a teoria de que os trabalhadores passaram a trabalhar debaixo da terra ao passo que os ricos ficaram na superfície, pois em Londres, onde a história se inicia, grande parte dos locais estava vetada para a parte pobre da população e alguns trabalhos penosos eram feitos no subterrâneo; Inclusive o transporte subterrâneo que era usado pelos trabalhadores enquanto que o da superfície para os ricos. Daí o escritor cria um aumento dessa lógica ao longo dos anos, até o passo em que se dividem em duas castas sociais, os ricos preocupados com seu conforto e os trabalhadores pobres aceitando seus trabalhos pela certeza de ter o que comer. Dessa maneira a aristocracia controlaria os trabalhadores, criando trabalhos subterrâneos para mantê-los longe ao passo que estes aceitavam para não passar fome.

Com a tecnologia avançadíssima, esta se auto-supria, e a inteligência deixou de ser estimulada e assim, até chegar o ano de 802.701 a aristocracia foi se tornando os infantis Elóis e os trabalhadores os Morloques, que ainda detinham uma noção de pensar, pois existiam máquinas de ventilação subterrânea. Com supostas dificuldades de alimentação no subterrâneo estes passaram ao canibalismo com os Elóis, que sendo crianças, viviam sem se preocupar com nada com exceção da noite, na qual os Morloques subiam à superfície para se alimentar.

Os Elóis não tinham nenhum tipo de trabalho ou ocupação, apenas à preocupação da noite. Num dado momento, uma Elói quase se afoga e nenhum de seus semelhantes à ajuda, dessa maneira suponho que a evolução humana se dá não numa sociabilização, mas numa naturalização das coisas. A morte de um Elói se torna não desejosa, mas vantajosa para os outros, pois o morto será a alimentação para os Morloques e permitirão aos outros viverem mais, já que são os Morloques que fazem o controle populacional dos Elóis, por isso não são encontrados idosos que são mais fáceis de serem apanhados. Assim os Elóis são gado de engorda, que pastam tranqüilos até um dia serem abatidos.

O explorador do tempo salva a Elói, chamada Uína, que quase se afogou e esta cria um laço afetivo com ele, no decorrer do livro ela desaparece da vista do explorador e este termina sofrendo muito por se sentir responsável pela provável morte dela. No fim do livro, o explorador retoma a máquina e desaparece mais uma vez. O narrador então comenta que o explorador sumiu já faz 3 anos, provavelmente, voltou para o futuro para viver junto de Uína, ou quem sabe morreu em uma de suas aventuras. Assim termina o livro, com um mistério da morte do explorador, ou da felicidade do amor encontrada para todo sempre.

Acredite na que quiser, é tão incrível o quanto nossa percepeção do universno mudo se pensarmos nas duas possibilidades do futuro do explorador. Boa Sorte.

sábado, 8 de setembro de 2007

Contos Malditos

(inspirado em “Diga não às Drogas – Luis Fernando Veríssimo”.)

OBS: (Antes, instruo que conheçam a fonte de inspiração para que percebam a intenção do texto. A história é real).

Escrevo-lhes mais um texto pessoal. Um conto maldito do qual fui protagonista, vítima e ainda guardo seqüelas. Tudo começou como na maioria dos traumas, na infância.

Tinha eu a liberdade permitida aos meninos de 5 anos. Andar de bermuda, muito mal de cueca, para todos os lados. Ir para a casa dos outros sem preocupar-me com as horas, o clima, a fome ou quaisquer preocupações.

Mas tudo isso foi mudando. Fui presenteado com um relógio, extremamente grande e chamativo para minha minguada estrutura física. Tinha então o controle do tempo, ou melhor, a responsabilidade do tempo. Daí então não mais tirei o relógio do pulso, nem pra tomar banho, pois não podia perder a cronometragem dos minutos expendidos. Tinha a preocupação da hora pra ir deitar, a hora em que acordava a hora do almoço, do desenho (essa eu já tinha), a hora disso, a hora daquilo etc. Mas as coisas foram se complicando quando recebi de presente uma carteira. Aquele objeto com tantas alocações precisava ser preenchido, e eu só tinha a carteirinha da escola. Eu comecei a sentir a necessidade de dar uso aquele presente.

Passei a guardar papéis com recortes de desenhos, figurinhas de álbuns de coleção, chicletes, lápis, borracha... Não percebi, mas estava me viciando. Daí a coisa foi ficando maior. Eu não sabia mais como a minha vida podia existir sem esses utensílios. Passei a andar pra todo lado de mochila. Visitar um amigo fazia minha mãe pensar que eu tramava fugir de casa. Eu precisava levar a carteira de identidade (podia sofrer um acidente), chicletes, biscoito (se ficasse na rua e sentisse fome?), água, guarda-chuva (e se chovesse?), roupas de frio (podia esfriar), bloquinho de papel, lápis, borracha (se eu sentisse inspiração e não escrevesse? Perderia!), uns livros (pra me entreter), celular, cartão de telefone, chinelo ou tênis, óculos escuros, touca, desodorante... eu já tinha dificuldade de sair sem estar preparado pra tudo. Percebi isso quando tinha dor nas costas por causa do peso da mochila e quanto à mochila passou a ter o meu cheiro. Era quase um simbionte, passava a fazer parte de mim e eu não conseguia ficar sem ela, pois me sentia despreparado para o mundo.

Percebi que estava complicando a minha vida, imaginava que necessitaria de um carro para poder passear sem me preocupar e que ao invés de uma casa, compraria um trailer, sim, um trailer com um compartimento de despensa gigantesco que pudesse guardar meio mundo. Nessa época adorei o desenho do gato Félix, pois ele possuía uma bolsa sem fundo que era meu desejo secreto. Eu sentia desejo de ter uma pochete, me sentiria o Batman...

Com o incentivo de minha dor nas costas e projeção de meu futuro passei a passear de chinelo, bermuda e camiseta. Em casos drásticos me arriscava até a cidade mais próxima apenas com o celular e o dinheiro da passagem. Foi um período difícil, mas consegui superar o pior da crise. Hoje em dia, saio com um boné, um mp3, dinheiro e chaves de casa. Às vezes me pego trazendo outra blusa na mão um cartão de crédito para comprar “algo que venha a precisar”. Quando passeio de carro realmente relaxo ao ponto de levar alguns objetos indispensáveis como casaco, roupas, desodorante, biscoitos, água... mas pelo menos não me trazem tanto desconforto.

Se você está nessa situação, calma tenha perseverança de que você irá superar. Passe a comprar o pão na esquina sem levar todos os documentos, tente passear sem levar sempre uma máquina fotográfica, apenas o necessário, o extraordinário é demais.

Perseverança, eu sei que você consegue se superar.

Informação: Isso é um sintoma de DOC, Distúrbio Obsessivo Compulsivo, carregar um monte de coisas que não são necessariamente necessárias. (sim, quis escrever assim).