Navegando pela internet assustei-me com a novidade da candidatura da cantora Gretchen para a Prefeitura de Itamaracá (PE). Não sei se ria ou chorava, fiquei no boquiaberto mesmo. Parei para analisar de como estou confuso frente à política brasileira. Que política sempre esteve unida com “sujeira” isso não é regra, mas também é sabido desde tempos imemoriáveis e em todos os lugares do mundo. Onde houve poder, houve corrupção.
Mas percebi como já tinha me esquecido que Clodovil e Frank Aguiar haviam sido eleitos, não comento sobre seu trabalho atual, mas de como foram parar lá. Como?
Como nós votamos em celebridades que não tiveram sobre seu capítulo no estrelato nenhum comentário relevante sobre política, ou sobre feitos para a sociedade.
Foram famosos em seus ofícios na mídia, mas nunca estiveram num movimento político ou aproveitaram seu poder de comunicação para ligar seu público com as necessidades sociais, fora Criança Esperança e similares. Se fizeram, me desculpe, mas nunca ouvi soube na TV mesmo na Internet. Ou seja, estamos votando nessas celebridades por falta de crédito com os políticos atuais, como forma de protesto social, ou realmente acreditamos que cantores tenham vontade e capacidade de governo. Sim, porque a vontade pode ser uma mentira, através de um personagem que a celebridade admite para o público, mas e a capacidade. Mas gerir um governo, controlar finanças públicas, perceber o que é realmente importante para a população e para o país e ainda ter pulso e sabedoria para levar isso à frente não é algo tão simples assim.
O mais interessante é como você pode estar pensando mal das pessoas que votarão na Rita Cadillac ou no Serginho Malandro, mas como eu me surpreendi com a minha reação sobre a futura candidatura do iatista Lars Grael, como vice da prefeitura de São Paulo. Percebi que ele tinha, para mim, a imagem de um batalhador, uma pessoa obstinada, justa, triunfante, esperto, preocupado com os direitos dos deficientes ... mas isso não significa que ele tenha capacidade de controlar um Estado, e pior, saber brigar com a União pelas necessidades de sua população. Percebi que eu mesmo estava no meio do pessoal que incentivado a votar numa celebridade sem ao menos saber se ele sabe trabalhar naquilo. Se bem que temos o exemplo do “Exterminador do Futuro” que fez no estado dele uma política ambiental quase igual ao protocolo de Kyoto, contrariando a decisão federal do presidente Bush de não assinar o protocolo para o país.
Sou a favor da entrada de celebridades sim. Agora veja, sem essa entrada de famosos, como ocorre o jogo. Um grupo de políticos com esquema montado, todas as alianças de partido, legendas para candidatos novos são previamente organizadas para que só tenha apoio para entrada no Poder, quem já estiver ligado a algum poder lá dentro. Então a revolução política é difícil, pois para entrar é muito difícil sem apoio, e com apoio tem de se aceitar os termos previamente estabelecidos pelos atuais “coronéis”.
Então, essa entrada de celebridades cria uma mudança brusca, uma insegurança, pois pequenos partidos com uma celebridade forte poder virar a mesa antes mesmo que se organize uma cultura na celebridade de aceitação aos meios internos dos partidos. Também a imagem que nos temos dos artistas são de pessoas metidas a auto-suficientes, o que significa uma inscontância de seus atos de fidelidade ao partido, o que fará com que tenham sempre uma preocupação do tipo “O que aquele cara vai fazer agora?”.
Além disso os artistas estão sempre metidos em fofocas, mas poucos são os casos em que se fala de estarem fazendo algo de ilícito, pois isso prejudica a imagem e imagem para os Narcisistas é tudo, o que o distanciará um pouco de sujeiras políticas. Então, fico preocupado com idiotas segurando um grande poder, mas isso vai desestabilizar o monopólio de poder, o que, na minha visão vai permitir alguma mudança ou destruição disso tudo.
Espero que seja melhor, ou pra melhor.