segunda-feira, 24 de março de 2008

O que diria Sócrates?

Após algum tempo sem postar, apresento-me novamente neste recinto a fim de expressar algumas idéias que me ocorrem.
Alguns(poucos...) devem ter percebido uma leve mudança no blog. Resolvemos fortalecer o blog, e para isso estamos a reformular algumas coisas. Talvez isso nos faça dar melhor importância a este espaço, algo que não aconteceu nos últimos tempos.
Dessa forma, vou deixar um pequeno post sobre "casos para o júri".

Essa idéia me veio à mente após ler um conto de Arthur C. Clake, "Alimento dos deuses".
Esse conto me fez lembrar da "Apologia de Sócrates", de Platão. Este último eu não tenho muito o que dizer, já que o li apenas uma vez e não tenho capacidade intelectual de discursar plenamente sobre esse assunto. Apenas o citei pois identifiquei uma relação entre as duas obras, já que ambas se tratam praticamente de um monólogo. Porém os assuntos principais dos textos não possuem uma relação direta entre si.

Assim sendo apresento uma pequena introdução sobre a "Apologia de Sócrates".
"De acordo com Diógenes Laércio, a acusação apresentada contra Sócrates, em janeiro de 399 a.C., foi a que segue: 'A seguinte acusação escreve e jura Meleto, filho de Meleto, do povoado de Piteo, contra Sócrates, filho de Sofronisco, do povoado de Alópece. Sócrates é culpado de não aceitar os deuses que são reconhecidos pelo Estado, de introduzir novos cultos, e, também, é culpado de corromper a juventude. Pena: a morte'". Mundo dos filósofos.

Sobre o conto de Sir Arthur, é outro caso de um homem perante um "tribunal". Este homem, ao contrário de Sócrates, não está defendendo-se, e sim propondo uma acusação contra uma empresa.

"Devo previni-lo, senhor presidente, de que uma boa parte de meus argumentos serão nauseantes ao extremo. Eles envolvem aspectos da natureza humana que muito raramente são discutidos em público, muito menos perante uma comissão do Congresso. Mas receio que sejamos obrigados a enfrentá-los; há ocasiões em que se deve arrancar o véu da hipocrisia, e esta é uma delas."

SPOILER
(para ler o livro, via streaming, em português, clique aqui)("O Alimento dos deuses" é o primeiro conto.)

No futuro os homens não se alimentam mais de carne nem vegetais propriamente ditos; eles sintetizam seus alimentos a partir de carbono, oxigênio, e outros elementos. E o sabor dos alimentos é desta maneira também adicionado; a pesquisa por esses sabores ainda está em andamento.
A disputa pelo "mercado de sabores" é acirrada. O acusador é dono (ou representante) de uma indústria que pesquisa sabores(lula frita, gafanhotos no mel são alguns dos sabores citados hehehe). Ele discorre sobre o histórico carnívoro dos homens(boas risadas nessa parte) e por fim diz que a empresa "Triplanetary Food Corp.", detentora dos direitos sobre os sabores preferidos do momento, o pacote "Ambrosia Plus", está ferindo a humanidade.

Aqui jaz o final do conto: == O FINAL(se ainda quiser ler o conto todo, não leia!) == O homem acusa a empresa de incitar o canibalismo. "Sim, os químicos da Triplanetary realizaram um magnífico trabalho técnico. Agora compete aos senhores julgar das implicações morais e filosóficas. Ao iniciar esta exposição de fatos, empreguei o termo arcaico "carnívoro". Agora devo apresentar-lhes um outro. Vou soletrá-lo, letra por letra: a-n-t-r-o-p-ó-f-a-g-o...

FIM DO SPOILER



Como podem ver, o conto deixa uma pergunta solta, esperando por um resposta definitiva para o comportamento do homem animal.
O que será que Sócrates teria dito à respeito?

"Algum de vós, aqui, poderia talvez se opor a mim: - Mas Sócrates, que é que fazes? De onde nasceram tais calúnias? Se não tivesses te ocupado em coisa alguma diversa das coisas que fazem os outros, na verdade não terias ganho tal fama e não teriam nascido acusações.
Dizes, pois, o que é isso, a fim de que não julguem a esmo."

E aí, alguém vai comentar?
Essa eu quero ver... Difícil hein? Eu deixarei para opinar nos comentários...