domingo, 5 de agosto de 2007

Repetição

Já li em vários lugares que a repetição é a alma do rock. Desde então tenho percebido que em vários casos isso se torna verdade. Desde muito antes do rock existir, a repetição já estava presente na música. Penso nos cânticos budistas, músicas tribais com aqueles batuques repetitivos, talvez até no cântico dos pássaros.

Será que existe uma relação da repetição com o funcionamento do cérebro? Vejo que na maioria das pessoas um grande fator de reclamações é a monotonia da vida, a rotina. Por que será então que elas relaxam ouvindo músicas tão repetitivas?

Estive lendo sobre as ondas cerebrais. É consenso que o cérebro funciona no dia a dia em ondas BETA. Essas ondas estão numa faixa de 14-38 ciclos por segundo aproximadamente. Aí estamos num estado desperto, a mente solucionando problemas e interagindo com o meio. Quando dormimos, ou estamos bastante relaxados, estamos em estado ALPHA, TETA ou DELTA, em ordem decrescente de ciclos pro segundo.

De alguma maneira a repetição da música influencia o subconsciente. É fato que a freqüência das batidas dos sons influencia as ondas cerebrais, deixando a pessoa muito ou pouco relaxada. Não entendo como a repetição de uma música pode deixar a pessoa excitada. Isso no caso em que independe a batida da música; seja ela rápida, várias batidas por minuto, seja ela lenta.

A batida da música interfere de maneira diferente nas pessoas. Alguns não se sentem bem com músicas rápidas, outros não suportam músicas lentas. Mas a repetição está presente em todos os casos.

Vou continuar lendo por aí se encontro algo mais esclarecedor acerca disso tudo.

Pra mim o maior exemplo de repetição são os Ramones. Já cansei de discutir a qualidade musical de suas músicas. E como eu gosto de ser do contra, começo sempre falando mal. Meu maior exemplo é “I don’t care”. A música é terrível: chata, 3 versos, 3 acordes, repetitiva, 1:39min. Não é criativa, usa os mais batidos acordes do rock. – Na verdade, essa é a marca dos Ramones e do punk em geral. – Impressionante. Mas eu adoro! Incansável de se ouvir. Pegajosa. Aliás, a música é um dos meus motes (cito agora os ditos 3 versos): I don't care (he don't care)/I don't care about this world/I don't care about that girl”. E quem disser que é ruim vem falar comigo.

E vida longa ao rock!

Segue de cabeça a cifra:

Intro AAGA GAGF G

Versos A F G

Refrão A G F

2 comentários:

HOVO disse...

Adorei o post, finalizando com Ramones ficou poder ! A situação da repetição da música como relaxamento é realmente contraditória à repetição dos atos do dia a dia. Lembro-me ouvir sobre o I-doser, uma espécie de droga que atua no cérebro a partir de freqüências de sons, que transferem a mente para ciclos fora do Beta e trazem sensações diversas, desde agradáveis até desagradáveis. Interessados ... procurem em sites de busca.
Bem a repetição consegue retirar o pensamento contínuo da mente, um momento de descanso do esforço do cérebro de produzir pensamento, apenas seguir o ritmo inebriante musical. Voltando às influências, lembro-me de conversar com alguém sobre como as músicas como bolero sempre induzem a um romantismo, como é difícil sentir raiva ouvindo um reggae, ou como ficamos ativos ouvindo um hardcore. Não necessariamente o tom da voz do cantor, a batida mexe com o ânimo.
Valew, é isso aí, a coisa andando !

Marcello disse...

Vocês esqueceram de mencionar a música eletrônica e principalmente sua vertente, o Trance. O famoso bate-estaca. A palavra trance significa transe, estar em êxtase ou em estado mediúnico.
Em diversas culturas, desde os primórdios, a música era usada com esse propósito. Provavelmente, até surgiu assim. E tanto é assim, que existe até pseudo-religião aqui no Brasil de Trance, embasados nesse princípio (muito embora eu não leve nada nada esse pessoal a sério. acho que eles mesmos não se levam muito a sério).
Ramones rlz! \o/ Peeet Semetary