sexta-feira, 16 de novembro de 2007

Adestramento ou Ensinamento

Estava eu, lendo um jornal de uma instituição de cunho religioso/social/político e li um texto sobre o ensinamento dos neófitos (iniciantes). Transcrevo aqui, um trecho:

"À primeira vista o silêncio do Aprendiz poderia parecer um condicionamento e um castigo; na realidade, o silêncio, a meditação e o raciocínio, são a única via que leva à libertação das paixões e dos maus pensamentos. Além de exercitar a autodisciplina, em seu silêncio o Aprendiz apreende com muito maior intensidade tudo o que ouve e tudo o que vê. Na realidade, o Aprendiz dialoga consigo mesmo e, neste diálogo, ele analisa, critica e tira suas próprias conclusões: em suma, pelo silêncio, esta Instituição estimula o Aprendiz a desenvolver, a arte de pensar a verdadeira e nobre Arte Real."


Verifico aqui a ambigüidade da verdade. Não que esteja errado, não, mas ao mesmo tempo isso pode ser visto como uma forma de cegar os iniciantes. Eu disse "também".

Verifiquem só como que, realmente, numa pessoa mais introvertida geralmente se encontra um raciocínio diferenciado dos demais. Isso porque não compartilha as suas opiniões.
Também encontramos a atitude silenciosa nos arquétipo "idoso sábio", que tem uma opinião muito diferente dos demais, mas respeitamos a opinião do idoso porque supomos que sua experiência tenha peneirado a informação que ele nos traz, já o jovem introvertido, supomos somente que ele é um estranho incompreendido.

O jovem pode estar certo, se seguir o conselho acima, pois ele estará fazendo um re-avaliação de seu pensamento a todo o momento.

Agora vou entrar no foco deste post. A obrigação do silêncio ao Aprendiz provavelmente foi criada para que este se controle de seus impulsos juvenis e esperasse a maturidade para perceber que os Superiores estavam certos. Mas isso pode ter se tornado uma ferramenta de condicionamento, pois se você nunca puder perguntar o porquê das coisas, termina aceitando-as como um "assim é que deve ser". Entenderam?

Vou dar um exemplo: Se você pudesse perguntar diretamente à Deus porque existe a morte, ou porque o céu é azul, porque as coisas caem de baixo pra cima, terminaria questionando tudo, mas como somos incapazes de "discutir" diretamente isso com Ele, aceitamos.

Outro exemplo: Você chega na faculdade e recebe um trote (ritual), no começo você não entende, mas é "forçado" a participar da brincadeira e de várias outras sem questionar nada. No início, você não entende nada, mas não reclama. Depois de um tempo, você estará agindo da mesma maneira que os veteranos, sem mesmo perguntar por que o trote, ou se poderia ter alguma outra forma de sociabilização. O ritual existe e deve ser seguido.

Na minha visão, nenhuma instituição quer perder seu fundamento de criação e um bloqueio a iniciantes com pensamentos revolucionários seria um meio de adestrá-los a aceitar as coisas como são, antes que estes possam estar em poder de atuar em nome das mesmas.

E vocês, o que acham?

2 comentários:

Diego Koala disse...

Não concordo. Pra mim o silêncio do aprendiz é perfeitamente normal. Eu vejo o silêncio como uma introdução para o método de aprendizagem.
Se o idoso começar a passar tudo o que sabe para o aprendiz, este não vai entender como o idoso chegou àquelas conclusões. Esse entendimento só vai acontecer quando o aprendiz aprender como entender as coisas à sua volta. E o método para chegar a esse fim é o silêncio, o auto-conhecimento.
A partir do momento que o aprendiz já estiver preparado para chegar às suas conclusões, ele vai ter alcançado o nível minimo para iniciar uma discussão com o sábio idoso. A partir daí então o aprendiz terá a oportunidade de contradizer as posições mantidas pela instituição.
Mas para esse método ter alguma valia, o instante que os ensinamentos devem começar a ser passados para o neófito deve ser cuidadosamente escolhido, de acordo com a evolução do iniciante. Não seria válido o sábio introduzir referências no relacionamento com o aprendiz antes dele ter a capacidade de filtrá-las, ou seja, no período de meditação, no "Silêncio do neófito".
O problema é que o período de silêncio deixa uma brecha para a corrupção desse sistema, transformando-o no adestramento intitulado no post. Esse comportamento deve ser evitado a qualquer custo.

Ayala, Eberth disse...

Vejo de uma só forma:

Procure por suas respostas

"

Existem dois tipo de homens:

Os homens que buscam a felicidade
estes ignoram o passado
abominam o futuro
e vivem o presente

E os homens que buscam explicações
procuram no passado respostas
para perguntas do presente
e se fissuram no futuro

mas você só pode ser um deles

"

Adapatação Feita sobre HEROES (DVD 6)