quinta-feira, 22 de maio de 2008

Onde está o EMO?

Onde está o Emo? Tem ouvido falar dele? Onde está NX Zero, Dibob, Simple Plan? Pois é, e alguém achava que esse tipo de música ia durar muito tempo? Todos sabiam que essa vertente do rock era apenas moda e mídia.

Mas por que uma coisa como essas consegue influenciar tantas pessoas? Como ela alcança o mercado de tal forma a transformar tudo em emo?

Acho que isso é coisa de adolescente mesmo. Essa mania de querer inventar, mania de querer ser diferente e novo. Comportamento típico da tenra idade. É, eu já fui adolescente (!), eu sei como é. E o adolescente controla a praça popular. Direta ou indiretamente.

Eu não gostava nem gosto de emocore. Um dos motivos é que conseguiram transformar um movimento de protesto – uma forma divertida de desabafar revolta política –, em choro de criança. O emocore, veia do hardcore, e este artéria do punk, conseguiu acabar com algumas décadas de rebeldia.

Não vejo problema em resmungar as mágoas amorosas e desencantos com a vida. Eu tenho um flanco fraco nesse ponto também. Mas tinha quer usar o punk pra isso? Tudo bem. Os Ramones cantavam desilusões amorosas também, mas não era assim tosco como o Emocore fez.

Outro motivo do meu repúdio ao emocore pode ser a qualidade do que é produzido. O que aconteceu foi que umas 2 ou 3 bandas começaram a fazer um som legal com essa temática emotiva (não cito nomes por não as conhecer) e o resto copiou descaradamente. E tornaram ainda pior a qualidade do que já não era tão bom – eu não acho que o hardcore tenha assim tanta qualidade musical.

E pra mim, o pior: eu não admito um desejo de revolução se o que já está fluente é tão bom. Com isso, quero dizer que já existe coisa boa que foi produzida e está sendo produzida sem necessidade de desmoralizar o rock.

Pra mim o rock é rebeldia em essência: não há problema em falar de amor, mas isso deve ser encarado com resistência e vigor.

Está na hora de citar alguns exemplos. Eu, quando estou numa fase “deprê”, costumo ouvir algumas coisas do tipo The Gathering, Ill Niño, e os clássicos, Cure, Joy Division, Legião Urbana, e muitos outros que sabem se expressar e mantém um certo nível.

Fora do rock, pra mim, é que está o mais interessante. Tirando Roberto Carlos, Fagner e Reginaldo Rossi – clássicos –, sobra o quê? Hum? Toda a bossa nova, é claro!

Olha, pra mim esse é uma das grandes coisas do Brasil: A Bossa Nova. Desde os seus pais, Samba e Jazz, até as novidades eletrônicas. Muito material bom. Abrange do delicado, do amor platônico, da dor de cotovelo até o divertido, o saudável, o galante, cafajeste amor. Além das letras temos, é claro, a técnica, a habilidade musical.

Da bossa nova nem vou citar artistas. É só sortear um nome e se deliciar com o som.

Entendem agora por que o meu descaso com o emocore? Tanta coisa no mundo pra aliviar as mágoas, e precisam ainda inventar moda?

Acho que, enfim, consegui expor meu ponto de vista.

Para quem estiver querendo saber mais sobre música de qualidade, vou deixar esse link que informa bastante sobre a MPB, das antigas. No link, a letra de uma das minhas favoritas: Samba em prelúdio.

2 comentários:

HOVO disse...

Grande Koala, temos pontos em comum e outros não. Concordo com a opinião de que Emo é uma porcaria, me incomoda muito esse tipo de música. Também fico perplexo com o capitalismo que a tudo perverte. Pegou um movimento de revolta juvenil, que no seu nascimento era revolta contra a sociedade e contra a política e transformou em comércio, em entretenimento. Sacanagem ir até a base da revolta pessoal e usar esse sentimento pra fazer você comprar e gastar para se sentir mais respeitado ou melhor acolhido dentro da sociedade que te oprime.
Indiscutivelmente fora do rock existem maravilhas mil como nos estilos de músicas que você citou. Perfeito. Mas discordo de você no ponto que fala do inventar moda a partir do emocore. Continuo odiando esse estilo, porém vejo que isso é necessário e natural. Toda geração que chega nasce, precisa ler o mundo e em reação vai produzir uma voz em resposta, e essa voz apesar de ter influência do mundo que se leu, sempre vai querer ser diferente daquilo que já está na atualidade, e uma maneira de se auto-afirmar. Em contrapartida, acho também que a nossa reação frente à esses estilos de música é o normal. Estamos indiscutivelmente presos ao nosso tempo, e enquanto vemos as mudanças musicais, não nos sentimos representados por elas, os valores que essas músicas pregam não nos atingem, na verdade enxergamos como sentimento de crianças chorosas, assim como nossos avós nos enxergaram como revoltados sem causa no bom e velho rock. Obrigado por abrir esse post de discussões mil.

Diego Koala disse...

Entendi o que você falou, Hovo. Está certo que pode ter sido uma implicância minha com os chorões (huahauahua). Mas eu não reclamo da bossa eletrônica, do new metal. Eu aceito isso como evolução, mas no caso do emo acho tosco mesmo.
O meu ponto central é a destruição da ideologia do punk/hardcore. Como eu disse, se o movimento tivesse colocado mais revolta, e chorasse, menos, não teria sido de todo ruim.