quinta-feira, 15 de maio de 2008

Pré-Julgamento do Cigarro

O Cigarro! O inimigo! Acompanhei a mudança do cigarro de companheiro para carrasco. A propagando do cigarro era livre, alegre, bastante convidativa. Tinha apenas uma tela azul com umas letras em branco e uma voz que falava algo que não devia ser muito interessante, senão apareceria em cores mais chamativas.

Durante a política da boa vizinhança do cigarro com o mundo, tudo prosperou. Desde os agricultores, como os transportadores, indústria, empresários, distribuidores e botequins, claro que junto com as doenças, cânceres, crises alérgicas, revoltas, processos e mortes.

Foi tudo bem, enquanto estava bem, quando foi provado, por A mais B e depois comprovado por B mais A que o cigarro era cancerígeno, as coisas começaram a se modificar. A propaganda na TV e rádio demorou, bastante a meu ver, mas foi cortada. Virou, para muitos uma onda, para outros uma política de vida, não apenas endemoniar o cigarro como também o fumante, muitas vezes, já preso ao vício antes mesmo de se dar conta da responsabilidade de seus atos. Alguém aqui já ouviu falar dos cigarros de leite?

Eu penso o seguinte, se é de intenção, de se eliminar o fumo, seria bem simples de proibir a produção do cigarro? Ou aumentar o maço para R$10,00? Sei que isso não é possível, acredito que por uma função econômica. Se existem fazendas e mais fazendas produzindo tabaco, empresas que se sustentam com a produção do cigarro, empresários que são donos de distribuidoras, e mais uma penca de gente que trabalha nesses lugares, imagine só a demissão mundial que iria ocorrer se fosse proibido o cigarro. Concordo com os enormes gastos em saúde por causa dos problemas advindo do cigarro, mas pense só.

Os donos dos negócios, claro que iriam pegar seus investimentos e redefinir sua base de sustentação, mas e o funcionário lá embaixo? Você pode até pensar que é exagero meu, que o funcionário seria re-alocado em outro tipo de empresa, mas estou falando da quantidade de gente no mundo que sobrevive do cigarro. Se quando ocorrem demissões duma indústria, já cria um problema de desempregados em excesso naquela cidade, imagine no mundo? Quanta falta de investimento empresas de transporte normal deixariam de receber porque não poderem mais transportar o cigarro? Levariam todos numa falência seqüencial, uma escala dominó. Quem não recebe não pode pagar.

Supondo isso, penso em tantas outras coisas que deviam ser resolvidas na sociedade em ao invés disso, são sustentadas. As decisões não são fáceis, uma coisa influencia em outra, que influencia numa terceira, numa quarta ...

Não que tudo o que digo seja 100% certo, mas pensando nisso lembro da quantidade absurda de pré-julgamentos que fazemos das situações, da sociedade e das pessoas.

O mp3, por exemplo, sendo um destruidor do respeito aos autores de músicas e tudo mais, mas também existe o fato da diminuição na produção de CD´S, da extração desse material, das distribuidoras e motoristas; Até mesmo a vida de algumas gravadoras está ameaçada, pois a produção independente vem avançando, e sua distribuição totalmente virtual. E além disso as diversas vezes que vemos um comentário de aumento de salários e pulamos felizes, claro, não conseguimos prever direito como isso irá aumentar a inflação !

A nossa percepção não pode ser de apenas um prisma, temos de buscar a outra opinião, ter compaixão ao outro e sua voz. O problema é que isso exige comprometimento e compaixão e ninguém quer ter responsabilidade, nem respeitar o outro.

Vemos aquilo que nos interessa e o resto, é exatamente isso, resto!

2 comentários:

Anônimo disse...

Texto inteligente...a questão do cigarro ter ser transormado num vilão social, leva para um questionamento muito mais profundo no contexto sociol.
Durante todo tempo de aceitação quem ganhou e quem perdeu? Os malefícios são obvios...mas dai gerar um questão moral em torno disso,só faz acrescentar um outro fator alarmante porém silencioso que é a hipocrisia das altas bases social q tanto se favoreceu com o crescimento do mercado tabagista.
Tudo é uma questão de circulo e como a nova filosofia social será encutida na cabeça das massas é uma grande jogada de markenting e como as pessoas vão se comportando diante do fato em questão.
Ou seja, no inicio o cigarro era simbolo de um comportamento subversivo,depois passou a ser um elemento normal entre o meio social e hoje é um vilão vital.Enquanto alguns movimentos de classe não se incomodavam em grandes proporções com os maleficios do cigarro tudo caminhava, bem até os efeitos colaterias começarem a ser alarmantes...Com intessificadas ações dos movimentos anti tabaco e em pró da saúde coletiva na campanha contra o tabaco, fez com q ações contra o fumo fessem incutidas nos meios massificados.
Mas no fim de tudo o grande "herói" é grande vilão, as campanhas governamental não querem que o sujeito par de fumar e sim que morra com cancer, seja la qual for a doença.Ele não ve nada além de numéros na sua frente , os cofres públicos perderia e muito com o fim do mercado e não é de enteresse perder.
Acredito que eu tenha jogado a mesma idéia do texto em questão, mas o importante questionar na verdade quem é o maior vilão dessa história e ver dentro dessa lógica como nós pobres mortais, somos manipulados socialmente.
E que como todos os nossos hábitos e questainamento já viraram mecânicos.Vale a pena pensar!

Diego Koala disse...

Realmente o cigarro é um problema mundial, assim como tantos outros. Na verdade, o cigarro e uns tantos outros problemas mundiais foram criados pelo próprio homem.
Você diz e eu concordo: não dá para parar a produção mundial de cigarros no mundo de uma só vez. Isso iria trazer outros grandes problemas, além da questão econômica.
Mas você acha que a população iria ficar desempregada por causa disso? Eu lembro agora do caso da industrialização e mecanização da produção. Dizia-se muito que isso iria destruir a economia por conta dos desempregados que surgiriam desse fenômeno.
Não sei como anda esse processo, se existe um estudo de como isso interferiu na evolução da economia. Mas é certo que continuamos com uma sociedade estabelecida; modificada, mas concreta. Ela não desmoronou(ainda?).
O comentário anterior sintetizou bem a vida cronológica do cigarro. Hoje ele é vilão, mas continua por aí assombrando a gente. Realmente, quando se trata de dinheiro, há sempre uma discussão ferrenha e quase sempre quem ganha é quem tem MAIS dinheiro e quem o CONTROLA...

No caso dos mp3s, como você citou, está certo que houve uma interferência nesse setor de economia. Mas isso, na minha opinião, foi uma evolução. Por que você tem que pagar para alguém fazer uma coisa que você mesmo pode fazer? Não seria mais interessante o produtor, as gravadoras estarem atuando em outro setor em que fosse realmente necessária sua presença? A música evoluiu junto com a tecnologia. Internet está ai pra isso...

Eu não vejo problema em pré-julgamento. O problema é isso se tornar cláusula pétrea. Devemos dar uma chance e analisarmos cada caso; todos podemos mudar de opinião. As novas informações trazem novos olhares...
O final do post me fez pensar: quantas vezes nós exercitamos nossa compaixão? Quantas vezes deixamos de olhar só o que nos interessa diretamente e olhamos para o nosso redor?
Grande post cara.